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Banca e Seguros

Governo aponta nível “manifestamente baixo” de crédito a privados

O Governo lamentou esta Quarta-feira o nível "manifestamente baixo" do peso do crédito bancário ao sector privado em relação ao PIB, que se situa em torno dos 14 por cento, e apelou à banca comercial para conceder maiores financiamento às empresas.

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O quadro foi apresentado esta Quarta-feira pelo ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, ao abrir a conferência sobre Financiamento ao Sector Privado, promovida pelo Banco Nacional de Angola (BNA), que decorre no Museu da Moeda, em Luanda.

Sobre o peso do crédito bancário no sector privado, Nunes Júnior salientou tratar-se de um nível "manifestamente baixo" em comparação com outras economias de países de rendimento médio, como Brasil, África do Sul e Marrocos, onde a taxa é superior a 50 por cento.

"Isto significa que ainda existe muito espaço para o crescimento do financiamento dos nossos bancos à economia do país", sublinhou Nunes Júnior, perante uma plateia dominada por presidentes de quase todos os bancos comerciais em Angola e dezenas de empresários.

O governante, que não fez qualquer referência quer na intervenção quer nas breves declarações, depois, aos jornalistas, sobre o volume do crédito mal parado em Angola, lembrou que, há sete anos, o BNA realizou um estudo em que identificou os principais constrangimentos à concessão de crédito por parte dos bancos comerciais ao sector privado, quer do lado da oferta como da procura.

"O estudo constatou que, do lado da procura, isto para os tomadores dos empréstimos, os principais constrangimentos são as elevadas taxas de juro e as garantias exigidas pelos bancos. Do lado da oferta, os principais constrangimentos foram a falta de contabilidade organizada nas empresas e o baixo nível de literacia financeira", lembrou.

Nunes Júnior realçou que, de 2013 a 2017, registou-se uma "queda acentuada" das receitas anuais do Tesouro, "o que não foi acompanhado por uma redução proporcional das despesas", gerando défices fiscais "sistemáticos", financiados por meio de endividamento do Estado, quer interno quer externo.

Em 2016, recordou, Angola teve um défice de 3,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), percentagem que se agravou em 2017, atingindo os 6,3 por cento, o que provocou um aumento dos níveis de investimento do país, com a dívida pública a saltar de menos de 30 por cento do PIB em 2013 para cerca de 79 por cento do PIB em 2017.

"Quanto maior for o endividamento do Estado, maiores serão as taxas de juro internas. Tal situação reduz o potencial de crescimento económico, principalmente porque inibe o crédito ao sector privado, que passa a ter de enfrentar taxas de juro muito altas", sublinhou.

Realçando o "sucesso" do Governo na implementação do Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM), Nunes Júnior indicou que o défice fiscal "terá diminuído" em 2018, atingindo um 'superavit' de cerca de 0,4 por cento, e que se espera novo saldo positivo das contas em 2019, em torno de um por cento.

"Este grande esforço que o Governo está a fazer, saindo de saldos orçamentais deficitários para superavitários é fundamental para inverter a tendência de endividamento do país e abrir mais espaço para que os bancos concedam mais crédito à economia. Estamos a fazer a nossa parte. Agora esperamos que os bancos comerciais façam a sua", frisou.

"Estão reunidas nesta sala as pessoas com o conhecimento e a experiência necessárias para fazer com que o crédito à economia aumente e que o país entre numa rota de rápido crescimento económico, aumentando a produção nacional, o emprego e os rendimentos, contribuindo para a prosperidade do país. Temos de entrar para o círculo virtuoso da prosperidade. O papel dos bancos comerciais é crucial. Ajudem-nos com toda a vossa sabedoria a chegar lá", pediu Nunes Júnior.

A diversificação económica do país, acrescentou, depende, assim, do apoio da banca comercial, lembrando que o país continua com uma "grande dependência" de um só produto - o petróleo -, que garante 95 por cento dos recursos externos e 70 por cento de toda a receita tributária, pelo que é necessária "confiança".

"Onde não há confiança, não há investimentos em níveis adequados. Onde não há confiança, os bancos não dão crédito a níveis satisfatórios e não havendo crédito não há investimentos. Não havendo investimentos, não há crescimento e onde não há crescimento não há prosperidade", salientou.

Retomando as medidas inscritas no PEM, Nunes Júnior apontou a redução do diferencial entre o valor do kwanza no mercado oficial e paralelo (ronda actualmente os 20 por cento), nos pagamentos atrasados de divisas relativamente aos anos 2015, 2016 e 2017, e a descida da taxa de inflação para níveis inferiores a 19 por cento - a previsão no Orçamento de Estado para 2018 era de 28 por cento.

"A confiança começa a reinstalar-se no mercado angolano e isto é muito bom para o investimento, quer nacional quer internacional", concluiu.

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