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Política

Ex-ministro português considera “normais” as medidas políticas de JL

O antigo chefe da diplomacia portuguesa António Monteiro, relativizou as medidas de cariz político e económica tomadas pelo novo Presidente João Lourenço, considerando-as “normais”.

José Sena:

Em declarações à agência Lusa, António Monteiro admitiu, porém, que o afastamento de familiares e próximos do anterior Presidente José Eduardo dos Santos de funções públicas ajudam a credibilizar o país e permitem “dar um novo ‘élan’” quer à população quer à própria comunidade internacional.

“Quando olho para este tipo de evolução, considero que estamos perante políticos experientes e, ao mesmo tempo, com papéis diferentes. Há um Presidente que sai, depois de muito tempo no poder, e há outro que entra”, afirmou.

“Quem vem de novo tem de criar um ambiente para exercício do seu poder executivo, mostrar que é efectivamente ele que está a comandar as operações. Para isso é que foi eleito. Tendo a olhar para a situação com normalidade e pensar que o novo Presidente está a tomar as medidas que no fundo correspondem ao seu discurso programático no acto de posse – estive lá –, na presença de Eduardo dos Santos”, disse.

António Monteiro respondia à questão da Lusa sobre se as muitas mexidas na política e empresas públicas, na justiça e no exército foram um acto concertado com Eduardo dos Santos ou se foram iniciativas tomadas unilateralmente pelo próprio João Lourenço.

“Quando se muda, mesmo dentro dos próprios partidos, muda-se. Quando se muda de primeiro-ministro, há mudanças. Tem de haver mudanças”, acrescentou, admitindo, porém, que Angola, apesar das mudanças tem ainda um caminho a percorrer.

“Angola tem um caminho traçado há muito tempo e está a prossegui-lo. Está a ultrapassar este período difícil, com a baixa dos preços internacionais do petróleo, e é um país que tem de olhar para a diversificação da sua economia, da redução das desigualdades, para a resposta às aspirações das camadas mais jovens. São problemas tão grandes que é evidente que o novo Presidente tem de os encarar e procurar dar um novo ‘élan’ até para entusiasmar o país e a comunidade internacional”, sustentou.

António Monteiro alertou, por outro lado, que a Europa, no geral, e Portugal, em particular, “devem estar abertos” à evolução angolana, bem como à da própria África, uma vez que se não fizerem o seu papel, “outros estão preparados para fazê-lo”, como, assumiu, a China.

“Devemos olhar também para o que se passa em Angola com respeito pela soberania do país e à evolução deles e, ao mesmo tempo, estar atento ao que se está a passar. Portugal tem uma importância enorme para Angola e vice-versa. Temos também de dar, ao mesmo tempo, a ideia aos angolanos de que Portugal é um parceiro efectivo e sempre pronto a estar ao seu lado, respeitando a soberania de cada um”, concluiu.

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