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Defesa

Diana de Gales recordada em Angola pela atenção que levou às vítimas das minas

Milhares de vítimas de minas em Angola passaram a ter maior atenção do Governo, quando, em 1997, a princesa Diana de Gales visitou o país, ainda em guerra, reconhece o presidente da Associação Nacional de Deficientes de Angola (ANDA).

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Silva Etiambulo falava à agência Lusa sobre os benefícios que trouxe a visita ao país, da princesa de Gales, falecida a 31 de Agosto de 1997, depois de em Janeiro do mesmo ano ter visitado Angola, para alertar para o problema das minas e canalizar apoio internacional.

Segundo o presidente da ANDA, a mediática passagem de Diana de Gales por Angola permitiu captar maior atenção das autoridades, levando ao aumento do número de centros de reabilitação física no país, passando de dois para 11, instalados nas principais províncias afectadas por minas.

"A sociedade angolana a partir dos políticos, governantes, líderes associativos, [visita da princesa Diana] fez com que houvesse uma atenção especial virada a todas pessoas vítimas de minas em Angola", disse.

A criação de centros em várias províncias "ajudou bastante", sublinhou Silva Etiambulo, apontando que "a chamada de atenção da princesa Diana" também "despertou a sociedade angolana".

Contudo, a situação das pessoas vítimas de minas neste momento "não é ainda das melhores", sobretudo na questão da sua integração social.

A falta de habitação e empregos são duas preocupações que ainda afectam as vítimas de minas no país, num número controlado e localizado pela ANDA de 59.752 pessoas, afectas às principais forças militares envolvidas no conflito armado de mais de três décadas que o país enfrentou.

"Precisam de casas, mas as casas que estão a ser construídas pelo Governo precisam ser pagas e eles não têm emprego e não têm acesso a estas casas, seria necessário haver casas com preços mais baratos, para que as pessoas vitimas de minas sejam abrangidas", referiu.

Angola já está em paz há 15 anos, com o fim da guerra em Abril de 2002, mas até agora continuam a registar-se vítimas de minas, disse Silva Etiambulo.

"Continua, especialmente nas províncias do Bié, Huambo e Kuando Kubango, onde esporadicamente ainda têm aparecido pessoas que accionam minas, às vezes são as crianças que encontram um explosivo e põem-se a brincar e accionam o engenho, quer dizer que ainda precisamos de continuar a fazer a pesquisa onde houve militares e retirar esses engenhos explosivos aí abandonados", referiu.

No rol de dificuldades, a falta de matéria-prima para o fabrico de próteses e órteses tem dificultado também a vida a milhares de vítimas de minas.

De acordo com o presidente da ANDA, não há matéria-prima em todos os centros de reabilitação física, à excepção do Bié.

"Todos os centros estão a trabalhar a meio gás, outros estão paralisados, porque não há matéria-prima. Isto porque a matéria-prima para esses centros era da Cruz Vermelha Internacional", explicou.

Com o fim da guerra, a maioria das organizações não-governamentais que operavam no país deixaram de apoiar e "já ninguém está a mandar matéria-prima para fabricar próteses".

"A verdade é que existe um número elevado de mutilados e as organizações internacionais já não nos envia matéria-prima (…) o do Bié é o único que ainda tem matéria-prima, porque era o centro de guerra, a Cruz Vermelha Internacional havia descarregado muito material para o fabrico de prótese e ainda eles têm até à data", salientou.

O trabalho da ANDA e a solução para alguns tem sido o transporte em carrinhas e comboio de vítimas das províncias do Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul e Malange para o Bié, onde existe um alojamento para o apoio dessas pessoas.

O assunto já foi "reclamado várias vezes" ao Estado, existindo agora "uma luz no fundo do túnel" na perspectiva de captação de fundo, que vão garantir a importação de matéria-prima para o fabrico de próteses e órteses.

A princesa Diana de Gales visitou em Angola vítimas de minas em hospitais e centros de tratamento e reabilitação física, unidades de fabrico de próteses e campos desminados pela organização não-governamental The Hallo Trust, bem como assistiu a programas de sensibilização para o perigo de minas.

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