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Associação pede legislação para mais de 300.000 angolanos que fazem mototáxi

Mais de 300.000 angolanos exercem actualmente a actividade de mototáxi, revelou o presidente da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (Amotrang), criticando o que afirma ser uma situação em que "ninguém proíbe" por falta de regulamento.

José Carlos Costa:

"A actividade de mototáxi ainda é ilegal, mas temos que ter em consideração que é uma actividade aberta, muito importante e que precisa que quem governe a regularize, para a tornar menos perigosa. É isso que nós pedimos", disse Bento Rafael, em entrevista à Lusa.

Com mais de 10 anos de actividade, a Amotrang, com sede na capital, conta com um total de 382.614 associados no país, com a província do Huambo com o maior número de associados, mais de 45.000, seguida da de Luanda, com cerca de 33.000 filiados.

Esses mototaxistas, ou kupapatas, como também são conhecidos, circulam pelas estradas angolanas transportando diariamente milhares de pessoas, sem qualquer licença para o efeito, devido, acusa Bento Rafael, à falta de legislação que regularize a actividade, que é também "fonte de sustento para muitos jovens e adultos sem emprego".

"Se é uma actividade que existe e que é útil para sociedade, por ser o garante de emprego de muitos jovens e adultos sem qualquer profissão, então onde está a dificuldade de podermos fazer sair um regulamento oficial, uma lei para orientar a actividade", questionou.

Apesar dos apelos à legalização da situação dos mototaxistas, o presidente da Amotrang revela que muitos destes são "ainda analfabetos", pelo que a associação promove ciclos de formação sobre códigos e sinais de trânsito, até mesmo em línguas locais.

"Isso sobretudo nas províncias centro e sul do país, onde com esta fórmula felizmente conseguimos afastá-los dos acidentes", adiantou.

Do universo dos mototaxistas controlados pela associação, "grande parte são ex-militares" e jovens desempregados.

De acordo com o presidente da Amotrang, o trabalho de acompanhamento, cadastramento e orientação que a associação desenvolve tem sido reconhecido pelas autoridades, questionando por isso a falta de respostas à legalização.

"Porque estamos numa situação onde ninguém regula, mas também ninguém proíbe e aqui não sei se seria bom a proibição da actividade de mototáxi no país, porque ela não é só muito útil dos fazedores, mas também para os usuários", assume Bento Rafael.

A "corrida" de mototáxi, sobretudo nas localidades nos arredores de Luanda, custa a partir de 100 kwanzas, um preço variável em função da distância e que é "negociado previamente" com o passageiro.

"Nós temos como base 100 kwanzas por corrida, sobretudo nas localidades, mas isso depende muito por onde o passageiro quer chegar. Daí que em função da distância, o preço é negociável", esclareceu.

Bento Rafael disse ainda que muitos dos mototaxistas que trabalham no centro da cidade de Luanda estão já filiados na associação, prometendo desde já que serão adoptados novos mecanismos de identificação dos seus filiados na via pública, "por questão de segurança".

"Começamos a fazer a entrega de coletes, como é caso do município de Viana, de forma experimental, juntamente com o número do seu cadastro para a própria segurança do motoqueiro e do passageiro. Estamos também a timbrar o número de cadastro nas motos", realçou.

O dirigente afirma que todos os dias mais angolanos entram para a actividade, "sobretudo aqueles que caem no desemprego devido à crise", pelo que a preocupação da associação é reduzir o número de acidentes.

"Temos registado ainda alguns sinistros. Neste momento, com a nossa intervenção e da polícia, na sensibilização dos condutores, o índice tem estado a baixar", garante.

O dirigente recordou ainda a utilidade do mototáxi no país, "por chegarem em localidades de difícil acesso para viaturas", para apelar à legalização.

"Portanto, na inexistência de lei nós continuamos a exercer essa actividade. Muitas vezes não sabemos se estamos a fazer bem ou se estamos a fazer mal, então precisamos corrigir", rematou.

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