Ver Angola

Cultura

Companhia de Teatro Tic-Tac: “O teatro em Angola está cada vez melhor”

Surgiu em 2009, resultado de duas formações, a Tic, Teatro Interactivo do Cazenga, e a Tac, Teatro Animação do Cazenga, com o objectivo de formar e preparar os jovens para a sociedade. Exibem o seu trabalho no local onde ensaiam, mas apesar das dificuldades e da falta de apoios, sonham em subir aos palcos internacionais. Vencedora de vários prémios, a Companhia Tic-Tac, que está a trabalhar num novo projecto, “A Promessa”, brevemente em cena, admite ainda que a inspiração, para a criação das peças, surge de histórias contadas, e de experiências vividas.

:


A Companhia de Teatro Tic-Tac surgiu do Centro de Animação Artística do Cazenga. Porque sentiram a necessidade de criar o grupo? Quando, onde e como surgiu?

Sendo o Anim´Art, um Centro de Animação Artística do Cazenga, sentiu-se a necessidade criar um grupo ligado ao centro, para responder às expectativas que o próprio centro criava, quando se referia as actividades de teatro. O centro precisava ministrar formações, devido ao nível de delinquência que aumentava no bairro. A Companhia Tic-Tac, surgi a 28 de Outubro de 2009, no Centro Anim´Art, pelos jovens do Círculo de Interesses do Teatro. Tudo começou a partir de duas formações que o Centro de Animação Artística do Cazenga promoveu. Nomeadamente o Tic, Teatro Interactivo do Cazenga) e o Tac (Teatro Animação do Cazenga). A partir destas duas formações, uniram-se os nomes que deu Tic-Tac.

Quais os objectivos da Companhia de Teatro?

O nosso objectivo é dar formações aos jovens, capazes de responderem de forma positiva aos problemas, que a sociedade apresenta. Que possam ter uma visão diferente das coisas, e possam se enquadrar numa sociedade universal.

Quem faz parte da Companhia? Quem dirige, quem são os actores?

Fazem parte da Companhia Tic-Tac, jovens angolanos de diferentes partes, de idades compreendidas entre os 16 aos 30 anos. Sendo a Companhia Tic-Tac, pertencente ao centro Anim´Art, uma parte da direcção do centro dirige o mesmo.

Mas o grupo tem dirigentes específicos, como o corpo directivo, Orlando Domingos (director geral), Aguinaldo Furtunado (director artístico), Nelson Gonçalves (encenador e coordenador) e Júlia Domingos (coordenadora).

Os actores são Júlia de Fátima Domingos, Teresa Rodrigues Manuel, Eduardo Júlio Torres Songue, Cipriano Gomes Francisco Da Costa, Elizabeth Rodrigues Manuel, Tony Sebastião dos Santos, Alberto João Mateus Pedro, Paxe Joaquim Pengue, Iracelmo António Luís Pinto, André Paulo António Zage, Mauro Manuel Cândido, Adilson António Golome, Mário Novais Quimbambo David, Manuel Fernando António, Edna Florinda Manuel De Menezes, Luis António Zua Vunda, Laura Pedro e Nelson Faustino Eurico Gonçalves.

Quem cria os cenários? E as roupas? E quem escreve as peças? Normalmente em quem ou no que se inspiram?

Os cenários são criados por actores da Companhia, nomeadamente, Cipriano Francisco da Costa, Paxe Joaquim Pengue, Eduardo Songue e Nelson Gonçalves.

As roupas, estão a cargo das actrizes Elizabeth Rodrigues Manuel, Júlia de Fátima Domingos e Teresa Rodrigues Manuel.

Relativamente às peças, temos cerca de cinco texto escritos, e apenas um encenado, de um actor e encenador, Nelson Gonçalves, chamada de “Nylon”. Normalmente temos adaptado texto de autores já consagrados.

A inspiração vem das histórias que nos são contadas, e nas experiências que vamos adquirindo nos intercâmbios em que participamos, seja com director e actores nacionais, ou internacionais.

Normalmente onde exibem as vossas peças? Em que palco gostariam de apresentar o vosso projecto?

Temos um anfiteatro que pertence ao centro, onde trabalhamos, e é lá que, normalmente, temos exibido as nossas peças. Uma vez ou outra somos convidados, ou por meio de um intercâmbio entre os grupos, que pertencem a outra província além de Luanda. Como Companhia de Teatro, é sempre bom expandir os nossos trabalhos. Gostávamos de estar em palcos internacionais, como o palco do Teatro da Comuna, em Portugal, e outros países como Itália, Brasil, Alemanha, Cabo Verde, etc.

De todos os espectáculos que apresentaram, qual foi o que mais gostaram e qual o motivo?

O espectáculo que mais gostamos foi “Kakila – O Segredo da Lagoa de sala Nzoji”, porque foi o espectáculo de abertura, da nossa Companhia, para o mundo exterior. E pela primeira vez, os actores sentiram-se actores de verdade, devido à recepção do público. E desde esse momento até hoje, não paramos.

Que mensagem tentam passar ao público em geral, com o vosso trabalho?

Procuramos passar uma mensagem onde o público possa se rever nela. Uma mensagem muito cuidada, para não ferir este ou aquele. Mas que, de certa forma, quem lá estiver presente, que saía da sala com uma perspectiva de voltar, e com um conhecimento que possa servi-lhe de sustento, no mundo social.

Como é a adesão ao vosso trabalho por parte do público? Acham que o povo angolano é fã de teatro?

Temos públicos de diferentes partes, apesar de pensarmos que precisamos de mais e sempre mais. As pessoas vão aderindo aos nossos espectáculos, por meio de convites que o grupo faz, outros porque conhecem já o trabalho. Temos dias bons e maus, quanto à presença do público, mas com certeza vamos ganhando cada vez mais público.

Boa parte do povo é fã de teatro e outros nem tanto. Precisamos muitas das vezes de levar o nosso trabalho ao público, para posteriormente eles passarem a procurar. Em Angola, há muitos fazedores desta arte, e todos nós procuramos motivar os nossos amigos, e famílias, a gostarem do trabalho que fazemos.

A busca pelo teatro, acreditam que seja uma questão da divisão de classes? Quem mais procura e tem acesso às vossas peças?

Em outro tempo, sim, mas agora acreditamos que uma parte de cada classe aprecia teatro, e outros nem tanto. Pensamos nós que, eles se vão identificando com as peças apresentadas, e a partir desse momento, esse grupo ou Companhia, passa a ser o seu de referência.

Quem procura as nossas peças são mais familiares, amigos, colegas de trabalho e de escola, e pessoas que vivem ao redor do nosso centro. Percebemos que, outras pessoas gostavam de ver os nossos trabalhos, mais têm dificuldade devido à distância, entre o centro e as suas casas.

Como está o teatro em Angola? A arte está em crise ou há apoios para as Companhias?

O teatro em Angola está cada vez melhor. Vai crescendo a nível de actores. Temos agora uma Universidade de Artes e Escola Média, onde podemos estudar teatro. Quanto ao apoio, é sempre difícil. Um grupo ou outro consegue o seu apoio, mas não é suficiente para os grupos deixarem de mexer nos seus próprios bolsos, para sustentar o seu teatro.

Quais são as principais dificuldades que a Companhia já teve que ultrapassar?

A maior dificuldade foi encontrar apoio para as nossas viagens. Uma delas foi a Moçambique.

Já ganharam algum prémio com o vosso trabalho? Qual ou quais?

Sim, já ganhamos. Em 2011 foi o prémio de melhor espectáculo do município do Cazenga, no Festeca. Em 2013, foi o melhor espectáculo de nível de Luanda, também no Festeca. E em 2014, conseguimos o prémio de melhor espectáculo do Festeca, melhor actriz e melhor texto.

Neste momento têm exibido a vossa peça “A Força do Lukano”. Estão a desenvolver mais algum projecto? Quais são os vossos planos para o futuro?

Estamos a pensar nas próximas peças, que vamos levar ao público. “A Promessa“ é a próxima estreia, e é um monólogo, que será interpretado pela actriz Teresa Rodrigues Manuel. Preferimos não revelar o tema agora, devido ao estudo que está a ser feito, entre a Companhia e o autor. Para o futuro, pretendemos elevar cada vez mais o nível de representação dos actores, termos actores formadores nas universidade de teatro, elevar relações de intercâmbio com as outras Companhias, nacionais e internacionais, conseguir mais apoios, e encontrar uma fonte de rendimento estável para a Companhia.

Galeria

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.