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Opinião Estamos em Angola!

Faço 40 e sou feliz

Cláudia Rodrigues Coutinho

Casada e com 2 filhos. Deixou a vida que tinha, em Portugal, e experimenta, desde Setembro 2015, a dimensão de uma família lusa, a viver, em Angola.

Ainda despenteada e descalça espreitou da janela do quarto e reconheceu um sol desperto, ilusionista, que lhe abriu um sorriso de alegria.

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O dia iniciava-se na calmaria e convicto esplendor: era o radioso dilúculo da Restinga. 

Ainda com todos a dormir: lavou os dentes, escolheu o biquíni, que lhe apetecia, vestiu o vestido de praia, comprido, engoliu o café do seu inicio perfeito; e saiu.

Contemplou a luz do sol de África que aparece, e parte sempre, no abalo das recordações infindáveis. 

Aquele dia - especial - aparecia numa vontade resplandecente e sossego sereno; a água do mar, brilhante, retalhava uma luz incandescente – ofuscando os olhos azuis, ainda demorados de dormir – que a fez comover na emoção das lembranças dos seus.

Deteve-se na quietude. O que fazia daquele dia e lugar de Angola - singelo e despido - de tão especial era, talvez, porquanto, ali, existia harmonia necessária: respira-se a terra, escuta-se o tempo, toca-se e sente-se a vida; sem a ânsia de o mostrar, que se tem e se faz.

Avançou alguns passos no caminho do mar mágico de Benguela e uma lufada de ar, ameno, abriu uma linha, diáfana, sobre o sol. Distinguiu a certeza - pela via de um simples amanhecer - de quem vive mais do que diz e sente o que lhe chega. Não duvidava: fazia 40 e era feliz.

Opinião de
Cláudia Rodrigues Coutinho

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