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Jovens desempregados têm de ser “lotadores” para sobreviver

O desemprego despeja inúmeros jovens à sua sorte e a sua maioria tornam-se “lotadores” de táxis, enquanto uns vão roubar para sobreviver, outros têm de lavar carros, engraxar sapatos, até mesmo carregar lixo para ter o que comer.

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É comum ver na cidade de Luanda jovens que próximos de táxis gritam, lutando para a sobrevivência, na tentativa de convencer passageiros a subir num determinado táxi a que estes lotadores estejam ligados ou queiram encher rapidamente o carro.

O termo, lotador, está ligado a lotar. Refere-se ao acto de preencher total ou parcialmente algo ou algum lugar, e como estes jovens se esforçam para lotar um veículo de transporte de passageiro, são apelidados comummente de "lotadores".

Em conversa com cidadãos, percebe-se que as pessoas aceitam normalmente a ocupação pois, segundo os intervenientes, ajudou a diminuir o índice de criminalidade nas paragens da cidade de Luanda, opinião que não é partilhada por todos, defendendo alguns que muitos dos lotadores são violentos e delinquentes, chegando mesmo a roubar enquanto chamam os passageiros.

Por sua vez, os cobradores, jovens que trabalham directamente com os táxis ou gerentes, sentem-se muitas vezes ameaçados por tais jovens quando não lhes é permitido chamar os clientes, podendo até mesmo fazer recurso à força.

Os lotadores, muitas vezes, são acusados de influenciar negativamente os taxistas a praticarem preços muito altos ou mesmo a fazer linhas curtas, e se os taxistas rejeitam são alvos de apedrejamento e a nunca mais voltarem às paragens.

Falamos com dois dos lotadores da maior paragem de táxis de Luanda, o conhecido Congolenses. Nelo Baiano disse "o nosso trabalho é mesmo importante, quando nós chamamos os táxis não demoram na paragem".

O lotador Calibra desmentiu a afirmação que os rotula como ladrões e assaltantes: "Nós não somos gatunos, estamos aqui porque não há emprego, temos família para cuidar. Mas também sei que alguns gatunos tentam roubar onde nós estamos, por essa razão pensam isso de nós".

O taxista conhecido como Farai disse que a ocupação não é tão ruim quanto parece, uma vez que aqueles lotadores responsáveis acabam por ser cobradores ou até mesmo motoristas, "conheço muitos que hoje são motoristas e simultaneamente patrões. Conseguiram suas vidas aqui por serem muito sérios".

Apesar de tudo, os lotadores deixam um apelo ao Estado para que crie empregos para os jovens e os tire das ruas, pois muitos deles garantem conhecer certas profissões.

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