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Luanda sem electricidade triplica e esgota venda de gasóleo nos postos de combustível

Vários postos de combustível de Luanda estão sem gasóleo, perante a crescente procura de automobilistas e população para o abastecimento de geradores, com o fornecimento de electricidade da rede pública reduzido a poucas horas por dia.

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Numa ronda efectuada por vários postos de abastecimento de combustível do centro e arredores de Luanda, a Lusa constatou a falta de gasóleo na maior parte destas, e verdadeira enchentes naquelas que ainda o comercializam.

"Desde ontem [Quinta-feira] que estamos nesta condição. Não temos gasóleo, a procura é grande", contou à Lusa um dos funcionários das bombas da Sonangol no São Paulo.

Situação semelhante vive-se no posto de abastecimento da zona do Miramar, igualmente no centro de Lunda, onde outro funcionário explica que apenas esta manhã o posto foi abastecido, o qual tem sido irregular e insuficiente face à procura, de viaturas e populares, carregados de bidões para alimentar os geradores de casa.

"Segunda-feira tinha, mas não demorou, estamos com esta situação desde Fevereiro com abastecimento limitado e não sabemos o que se passa. Apenas hoje de manhã se recebeu gasóleo", contou.

A petrolífera Sonangol anunciou na Quarta-feira que aumentou em 25 por cento o fornecimento de combustível aos postos de distribuição, para responder à elevada procura, nos últimos dias, sobretudo de gasóleo.

Em comunicado, a concessionária informou que as recentes restrições no fornecimento de electricidade a Luanda e aos grandes centros populacionais do país, devido ao início do enchimento da albufeira da barragem hidroeléctrica de Laúca, provocaram um aumento significativo do consumo de combustíveis para uso doméstico, nomeadamente geradores.

A operação de reforço está em curso e nos próximos dois dias, segundo a Sonangol, vão estar disponíveis mais 75.500 toneladas métricas de gasóleo, em todo o país.

Num cenário em que várias zonas da cidade estão há dias sem electricidade e outras apenas com fornecimento da rede pública por poucas horas diárias, a procura pelo gasóleo, para os geradores caseiros, contínua crescente em Luanda, conforme explicou à Lusa Josué Janota, um dos responsáveis das bombas da Sonangalp na avenida Hoji-ya-Henda, na capital.

Josué Janota conta mesmo que na Quinta-feira o posto foi abastecido com trinta mil litros mas que acabaram em menos de cinco horas. "Por esta altura já aguardamos por novo abastecimento dos depósitos", apontou.

Fernando Leitão é gerente de outro dos postos de combustível da Sonangalp no centro da cidade e que desde Quinta-feira está sem gasóleo. Sempre que há, afirma que triplica a venda de gasóleo em comparação com os meses anteriores.

"A procura aumentou, aliás neste momento estou mesmo com falta e estou a vender mais que os meses anteriores. Geralmente, em gasóleo, eu fazia uma média de 6000 a 7000 litros e ainda ontem vendi 23.000 litros", sublinhou.

O gerente do posto de combustível considera de preocupante e incompreensível a actual carência que se regista no fornecimento de gasóleo. "Isto é muito complicado e nem sabemos como é que havemos de explicar. Porque de facto há falta, recebe-se um dia e ficamos dois ou mais dias sem o abastecimento do gasóleo. Não havendo também energia eléctrica na cidade então mais consumo exige, os fornecedores vão falhando nas entregas e é muito complicado", rematou.

A Sonangol explica o cenário com o atraso na comunicação da Empresa Pública de Produção de Eletricidade (PRODEL) sobre as restrições no fornecimento de electricidade, o qual provocou um afluxo "anormal" dos consumidores aos postos de abastecimento.

As províncias de Cabinda, Benguela, Cuanza Sul, Lunda Norte e Lunda Sul têm o problema agravado, de acordo com a Sonangol, devido às chuvas intensas que têm caído sobre aquelas regiões, impedindo a "rápida e normal circulação dos camiões e abastecedores". "O mau tempo tem também impedido a atracagem de navios em Cabinda e Benguela, adiando assim a descarga de combustíveis", explicou anteriormente a petrolífera.

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