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Opinião Do Zaire ao Cunene

O Arco

Pedro Rui Silva

Pedro Rui Pereira da Silva trabalhou em Angola como Engenheiro Electrotécnico. Nascido em Portugal, no Porto, a 8 de Dezembro de 1969, casado com Ana, pai de Francisco e Luísa. Fotógrafo amador. Viajante.

Ao Arco chega-se com sorte. Ao Arco, à velha Lagoa do Arco, chega-se com alguma ousadia e espírito de aventura. Ousadia em deixar o asfalto, confiando apenas numa pequena placa espetada na areia do deserto, espírito aventureiro que nos leva a seguir a direcção indicada, que nos faz persistir num caminho imaginário através da areia, sem referências, sem trilho. Sem rede.

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Ao Arco chega-se quando finalmente imergimos no deserto, descendo enfim o caminho ladeado por escarpas e aldeias abandonadas, sinais evidentes das agruras do clima. Ao Arco chegamos aceitando a oferta da nossa nova guia, aceitando que nos conduza entre vegetação esparsa e habitações primitivas. Ao Arco chegamos depois de percorrer o leito da lagoa que não enche vai para cinco anos, diz. Do Arco vislumbramos a vastidão onde antes, quando o rio Curoca abastecia o lago, um homem adulto podia desaparecer na água,  mesmo com os braços estendidos, exemplifica.

Ao Arco chega-se, sim, com dificuldade e ousadia, através das areias do Namibe. Do Arco sai-se emergindo do solo, subindo ao deserto, sacudindo a areia que se cola à pele e que, por muito que tentemos, não descola. Permanece connosco até hoje, talvez para sempre, como o Arco.

Ou talvez desapareça quando finalmente o Rio Curoca beijar outra vez aquela terra, quando a água invada aquele deserto, quando um homem adulto, mesmo com os braços esticados, se veja engolido pela Lagoa. Do Arco.

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Pedro Rui Silva

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