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Eleven's e o dia em que a volta ao mundo a duas rodas começou em Angola

São angolanos, portugueses, israelitas e espanhóis. Une-os a paixão pela velocidade a duas rodas, mas não só. Une-os também um país – Angola – onde tudo começou. A 11-11-2011, 12 motas saíram de Luanda em direcção a Portugal, onde chegaram 20 mil quilómetros depois. A aventura de uma vida roubou-lhes um elemento, mas trouxe alento para o maior desafio de todos: a volta ao mundo. Para trás ficaram já 30 países e quase 60 mil quilómetros. Em Março o grupo está pronto para acelerar pela América do Sul e em 2019 o plano é abrir caminho pela Austrália.

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Quando é que nasceram os Eleven's?

Tudo começou em 2009, numa visita a Cape Town em que três de nós dissemos que era giro ir de Angola até lá de mota. No ano seguinte resolvi desafiar um grupo de amigos (daí a alcunha de “Gurú”) a irmos comprar as motas em Windhoek e fazermos uma volta pela Namíbia, Africa do Sul, Swazilândia, Moçambique, Botswana e Angola e assim nasceram os BIG SIX, 6 motas, 6 países e 15 dias de viagem. Quando chegamos ao final da viagem achei que tinha sido curto e então lancei a ideia de darmos a volta ao Mundo. Dia 11/11/11 às 11 horas e 11 minutos estávamos a começar a volta ao Mundo com a ligação de Angola a Portugal e daí o nome Eleven's, pois tudo tinha a ver com o número 11 (eleven).

Como é que se encontram angolanos, portugueses, israelitas e espanhóis em Luanda?

Angola é um país enorme, no qual felizmente existem uma serie de nacionalidades diferentes e como tal não foi difícil encontrar pessoas de locais tão distintos, mas com uma paixão comum... as motas.

Quantos são os Eleven's?

Neste momento somos 24.

Foi a paixão pelas motas que os juntou?

Não, no nosso caso a maior parte já nos conhecíamos, mas sem dúvida que a paixão pelas motas e pela aventura levou a que os Eleven's sejam hoje mais do que um grupo de motards, uma família.

São só homens, ou já alguma mulher se atreveu a entrar neste mundo?

A viajar de mota até hoje, infelizmente somos só homens, mas temos três senhoras que já se juntaram a nós. A Teresa Bravo “Ginasta” e a Fernanda Santos “Nanda Kimbanda” juntaram-se a nós nos ELEVEN UP e a Fernanda Veloso “Comodora” na ELEVEN’S 2 AMERICA.

Juntos, que estradas já trilharam? Que países já visitaram? Quantos quilómetros levam na bagagem?

Uiiii, já lá vão muitos, é mais fácil separar as viagens:

2010 – BIG SIX – 7.500 Km - Angola, Namíbia, África do Sul, Swazilândia, Moçambique e Botswana;

2011 – ELEVEN UP - 20.000 Km – Angola, Namíbia, Malawi, Tanzânia, Quénia, Etiópia, Sudão, Egipto, Líbia, Tunísia, França, Espanha e Portugal;

2013 – PACIFIC WAY – 16.000 Km – Portugal, Espanha, França, Mónaco, Itália, Eslovénia, Hungria, Eslováquia, Republica Checa, Polónia, Lituânia, Letónia, Estónia e Rússia;

2015 – ELEVENS 2 AMERICA – 13.500 Km – Canada e Estados Unidos da América.

Resumindo, 30 países e 57.000 quilómetros, mais cerca de 30 mil em treinos e outras viagens pelo meio que não contaram para a Volta ao Mundo.

A viagem Angola-Portugal sempre foi um objetivo?

Indiscutivelmente que a ligação entre Angola e Portugal sempre foi um dos objectivos, pois é a ligação entre dois países que têm uma história em comum, mas o principal objectivo é e sempre foi a Volta ao Mundo.

A 11-11-2011, 12 motas partiram de Angola para atravessar 17.000 quilómetros por 11 países de África. Foi a experiência de uma vida?

Até agora sim, sem dúvida que foi a nossa maior aventura, mas penso que a Etapa IV que vai ser na América do Sul, será de igual modo muito marcante, pelo grau de dificuldade.

A viagem demorou mais tempo que o planeado. Que contratempos encontraram?

Muitos! Eu sempre disse que sabia quando ia sair de Luanda, mas não sabia quando ia chegar! Começámos no Quénia, onde estivemos “presos” uma semana na terra do nada por causa das chuvas violentas que assolaram aquela região, como já não acontecia há mais de 10 anos, e com as chuvas houveram 500 quilómetros que se tornaram impraticáveis por causa da lama. Demoramos uma semana para fazer 500 quilómetros que era suposto fazermos em dois dias!

Por causa das chuvas e do atraso no Quénia, o Miguel Mota “Docinhos” tinha de regressar a Luanda, por razões profissionais e quatro de nós fizemos então a loucura de conduzir 48 horas sem dormir. Passarmos pelo Egipto em plena Primavera Árabe... foi muito complicado. Atravessamos a Líbia dois meses depois da morte do Khadafi! Nos últimos 15 anos fomos os únicos a fazê-lo.

O acidente fatal do nosso José Luís Carvalho na Tunísia, esse sem dúvida foi o maior contratempo e o único sem solução.

Como foi ter de lidar com a morte de um dos vossos, na estrada, em plena viagem?

Duas palavras apenas... Muito doloroso.

E a sensação do dever cumprido? A chegada a Portugal, a subida dos Aliados, no Porto, é algo que nunca esquecerão?

Depois de tudo o que se tinha passado, sem dúvida que foi uma mistura de sentimentos, pois por um lado estávamos felizes por ter chegado, por outro lado tristes por termos perdido um amigo e pela viagem ter chegado ao fim.

Encontram-se regularmente? Que actividades costumam realizar em Angola?

Sempre que podemos e isso significa dizer muitas vezes. Tentamos estar juntos pelo menos uma vez por mês e fazemos vários passeios por esta Angola magnifica, bem como por outros lados, apesar de muitas vezes não podermos estar todos juntos. Temos feito algumas ações de solidariedade, bem como participado em alguns eventos motards que se têm realizado em Angola.

Consideramo-nos não um grupo motard, muito menos um moto clube, mas sim uma família.

Têm projectos para o futuro? Uma viagem que ainda não realizaram?

Claro, a Volta ao Mundo tem de ser realizada e por isso ainda falta a América do Sul, que vai acontecer já em Março de 2017 e depois em 2019 a volta à Austrália. Quem quiser seguir-nos pode fazê-lo em www.elevensangola.com.

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